March 12, 2004
The Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Brazil’s organization for
agricultural research, together with the Ministry of
Agriculture, Cattle and Supply, got the go-signal from the
Brazilian Institute of the Environment (IBAMA) to conduct field
trials with transgenic beans.
Marcus Barroso Barros, IBAMA president, announced that the field
research will involve genetically modified (GM) beans (Phaseolus
vulgaris) that are resistant to the bean golden
mosaic virus. The virus is transmitted by whitefly and is
considered the most important disease that attacks the beans.
The tests
will be conducted at EMBRAPA's research station at St Antonio de
Goiás. Aside from monitoring the plots regularly, EMBRAPA is
also required to develop an environmental education project on
GM beans for the local community.
This is the
second license granted to the EMBRAPA, the first being given to
conduct research on GM papaya resistant to the papaya ringspot
virus. The next transgenic product license being worked out by
EMBRAPA will be a virus resistant potato.
News release from Embrapa
EMBRAPA recebe
licença para testar feijão transgênico no campo
A
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária
(Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, recebeu hoje (12/03) do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente (Ibama) a Licença de Operação para Áreas de
Pesquisa (LOAP) para testar, pela primeira vez, a pesquisa com
feijão transgênico no campo.
O anúncio
foi feito pelo presidente do Ibama, Marcus Barroso Barros,
durante entrevista coletiva que contou ainda com a presença do
secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, José Amauri Dimarzio; o secretário-executivo do
Ministério do Meio Ambiente, Claúdio Langone; a
diretora-executiva da Embrapa, Mariza Luz Barbosa; e os
pesquisadores responsáveis pela pesquisa, Francisco Aragão
(Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) e Josias Faria
(Embrapa Arroz e Feijão).
A licença
autoriza a pesquisa em campo envolvendo feijoeiro (Phaseolus
vulgaris L.) geneticamente modificado resistente ao vírus do
mosaico dourado (Bean golden mosaic virus, isolado do Brasil),
que é transmitido pela mosca-branca e é considerada a mais
importante doença que ataca a cultura do feijão. O objetivo é
avaliar amplamente os aspectos de biossegurança alimentar e
ambiental da linhagem transgênica e obter dados iniciais de que
não houve qualquer alteração (além das inseridas pelo novo gene)
na cultivar modificada em relação à cultivar convencional.
Os testes
serão feitos no campo experimental da Embrapa Arroz e Feijão,
localizado em Santo Antônio de Goiás (GO), a 12 km de Goiânia. A
LOAP é válida pelo período de três anos, a partir do dia 12 de
março de 2004, e obriga determinadas condicionantes à Embrapa,
como, por exemplo, manter medidas de segurança e biossegurança
para prevenir o fluxo gênico; aumentar a freqüência das rondas
de vigilância no local do experimento; e destruir posteriormente
qualquer planta de feijão no local, seja OGM ou não, pelo
processo de autoclavagem.
A Embrapa
fica também obrigada a desenvolver um projeto de educação
ambiental sobre o feijão geneticamente modificado junto à
comunidade local. As condicionantes determinadas pelo Ibama
foram consideradas satisfatórias pelos pesquisadores da Embrapa
e "passíveis de serem cumpridas dentro de um projeto de
pesquisa". Mosaico dourado - O vírus do mosaico dourado é a pior
doença da cultura do feijão, já que ocorre em quase todas as
regiões brasileiras e pode causar perdas de até 100% na
produção.
A doença
atinge principalmente a primeira safra de feijão anual, que vai
de dezembro a fevereiro. Apenas as áreas de clima temperado é
que estão livres deste vírus, porque não possuem as condições
climáticas favoráveis à proliferação da mosca-branca,
inseto-praga que é o seu principal vetor.
Em 1991, a
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Embrapa Arroz e
Feijão iniciaram a pesquisa para desenvolver plantas tolerantes
a esta doença, empregando a metodologia de seqüência
"anti-sense", que consiste na introdução de um fragmento do
vírus do mosaico dourado para bloquear o RNA do próprio vírus, o
que funciona como uma espécie de "vacina".
Segundo o
pesquisador Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, esta metodologia possibilitou a obtenção de
plantas de feijão tolerantes ao vírus do mosaico dourado, o que
significa dizer que elas possuem os sintomas, mas de forma
fraca. "O vírus conseguiu se reproduzir dentro da planta de
forma ineficiente, tardiamente e com baixo índice de infecção",
explica Francisco. Este resultado ainda não foi o ideal para os
pesquisadores, que buscaram então desenvolver plantas imunes à
doença empregando a metodologia de transdominância letal, que
consiste na introdução da replicase (proteína que replica o DNA
viral) do vírus na planta.
Josias
Faria, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, revela que as
primeiras plantas transgênicas foram obtidas em 1999 e logo
começaram a ser "desafiadas", ou seja, expostas a moscas-brancas
que possuem o vírus do mosaico dourado, tudo isso em casas de
vegetação, cercadas de telas por todos os lados. Já foram
geradas linhagens transgênicas de feijão preto, carioca e Jalo,
todas testadas no período de 1999 a 2003.
RET - A
LOAP determina que o campo experimental da Embrapa Arroz e
Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO) está em condições para
realizar a pesquisa de campo, mas não autoriza o início dos
trabalhos. Ela é apenas um dos documentos necessários para
realizar a pesquisa de campo. É preciso ainda o Registro
Especial Temporário (RET), emitido pelo Ibama, pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Ibama e
a Anvisa já realizaram, respectivamente, a avaliação ambiental
preliminar e a avaliação toxicologica preliminar. O Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deverá emitir o
Registro nos próximos dias.
A Embrapa
tem pressa em iniciar o plantio para aproveitar ainda o fim da
primeira safra anual de feijão, quando a cultura sofre com a
doença (devido à infestação da mosca-branca) e as condições
ambientais ainda são favoráveis. De qualquer forma, os
pesquisadores planejam infestar artificialmente, e em condições
controladas, o campo experimental para melhor testar o feijão
transgênico.
Para o
pesquisador Francisco Aragão, o domínio da tecnologia de
transformação genética do feijão permite agora que outros genes
possam ser inseridos e testados no produto, como, por exemplo, o
gene de resistência à seca, cuja pesquisa já foi iniciada pela
Embrapa. O feijão transgênico também contém resistência a
geminivírus - técnica que poderá depois ser expandida para
outras culturas.
Essa é a
segunda licença concedida à Embrapa (a primeira foi a da
pesquisa com mamão transgênico resistente ao vírus da mancha
anular, o pior inimigo natural da cultura em nível mundial). "Em
três anos teremos condições de fornecer à sociedade dados
científicos sobre os impactos dos transgênicos no meio ambiente
e para a saúde do consumidor, o que comprova que o setor público
está preparado para acompanhar os avanços tecnológicos,
respeitando os princípios da precaução", completou Aragão. O
próximo produto transgênico da Embrapa a receber a Licença será
a batata transgênica resistente ao vírus PVY (que causa o
ralamento da folha), cujo projeto está sendo analisado pelo
Ibama. |